Ministro Azevedo e chefes militares entregam a Alcolumbre novo Plano prevendo incômodos com Venezuela, Rússia e China

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, acompanhado dos três comandantes militares, entregou ontem ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), no Palácio do Planalto, as propostas de atualização da Política Nacional de Defesa (PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END)e o Livro Branco da Defesa Nacional. Entre outros pontos, o Plano alerta para possíveis “tensões e crises” na América do Sul e, sem citar nominalmente a Venezuela, avalia “possíveis desdobramentos” de conflitos em países vizinhos. Segundo o documento, elaborado pelo Ministério da Defesa, esse cenário pode levar o Brasil a mobilizar esforços para a garantia de interesses nacionais na Amazônia.

A cerimônia de entrega dos documentos ocorreu logo após a reunião do Conselho de Defesa Nacional. O presidente Jair Bolsonaro, que cumpre isolamento após testar positivo para covid-19 pela terceira vez, acompanhou a solenidade por videoconferência.

Dos três documentos, o principal é a PND, que trata do planejamento do setor. Em 21 páginas,  traça cenários internacionais para o ambiente regional e assinala que é papel do país “aprofundar laços” no continente. Uma das novidades da nova versão do documento, porém, é justamente o alerta para as possibilidades de conflitos.

“Não se pode desconsiderar tensões e crises no entorno estratégico, com possíveis desdobramentos para o Brasil, de modo que poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses”, diz o texto.

Para Alcides Costa Vaz, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e presidente do presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), o governo, ao citar a possibilidade de tensões na região, se refere, principalmente, à Venezuela. Sobre a citação, no documento, da expressão “atores exóticos”, Costa Vaz afirma que se trata de uma preocupação do governo com a ajuda russa a Nicolás Maduro e também com a crescente influência chinesa na região.

O advogado Andrew Fernandes Farias, presidente da Comissão de Direito Militar da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, observou uma postura responsável dos militares.