O debate sobre o desenvolvimento regional do Brasil… O paradoxo do desenvolvimento regional

Publicado em   24/abr/2012
por  Caio Hostilio

Luís Nassif

O país vive momento paradoxal, em que toda a potência da variedade brasileira convive com duas grandes “máquinas” seculares. A primeira, de crescimento, com aceleração da economia. E a segunda, que produz desigualdades. Representando com clareza esse paradoxo estão os novos pólos de desenvolvimento, especialmente o Nordeste, que tem elevado sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, ao contrário das regiões Sudeste e Sul. O panorama apresentado é do professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenador do Observatório Celso Furtado para o Desenvolvimento Regional, Carlos Antônio Brandão, que participou do 22º Fórum de Debates Brasilianas.org ontem (23)em São Paulo. 

Preocupado com a longevidade dos investimentos regionais – e se eles têm a capacidade de transbordar para os territórios menos favorecidos do seu entorno – Brandão afirmou que ainda é complicado entender a dimensão da qualidade dos novos serviços públicos. “É preciso verificar se há um alargamento ou não no horizonte de possibilidades do desenvolvimento”, disse.

Essa verificação, porém, vai à contramão da ansiedade gerada por pressões feitas sobre o Brasil. Há a exigência para que o país alimente o mundo, e uma demanda forte por minerais e para a questão energética e, por conta disso, surgem os gargalos de infraestrutura. 

“A questão é ver se isso reflete numa integração nacional. Os PPAs (Planos Plurianuais) expressam, nos últimos anos, que é preciso mudar infraestrutura e capacidade de prover serviços públicos de qualidade. Temos que entender como a provisão está sendo realizada, qual a qualidade dos serviços e como eles podem fazer a interação social mais fina”.

A perspectiva de diversos economistas, contou Brandão, é a de que a atual revolução social que ocorreu no país até agora não tenha o mesmo ritmo daqui para frente. A avaliação reforça a necessidade de identificação dos efeitos propagadores das políticas que deram certo, e quais os mecanismos de transmissão de crescimento para os municípios que estão ao redor das cidades que mais prosperaram. Segundo Brandão, assim se poderá manter a construção da cidadania, aumentando a autonomia de demais regiões brasileiras. 

O grande questionamento, portanto, é se, no futuro, os pólos aumentarão a autonomia de decisão daquela região onde eles estão. E, para isso, a articulação federativa é fundamental. 

A interação estadual

“Todos os Estados tem feito planos de desenvolvimento regional, mas a coordenação federativa é a grande questão no país. Geralmente a agenda dos governadores é oculta, muito difícil, então, de conseguir discutir com outros Estados”, avaliou o professor. Desse modo, impede-se a construção de uma lógica territorial em cima de problemas comuns, que poderiam ser compartilhados e resolvidos, por exemplo, por meio de consórcios interestaduais ou intermunicipais. 

Outro problema destacado foi o desmonte da maioria dos bancos e agências estaduais de desenvolvimento. “Os bancos tradicionais não emprestam para consórcios, e por isso eles tem dificuldades para elaborar o território, o diálogo feito com a região e o Estado. Precisamos encontrar formas de empréstimos para consórcios. Felizmente no Nordeste há o Banco do Nordeste, que procura articular uma série de políticas”.

Brandão ainda citou o economista Ignácio Rangel (1914-1994), ex-assessor de Getúlio Vargas, para explicar a necessidade de “projetamento” no país. “Precisamos do projetamento de que Rangel falava. Um projetamento que pensasse a interregionalidade e a matriz de produtos, uma visão do sistema das atividades, dialogando vários sistemas, articulando ciência, tecnologia e inovação com o sistema de fomento e com o BNDES”. 

Para o professor, o país ainda precisa resolver três pontos que no capitalismo brasileiro não estão dando certo: o sistema de crédito muito atrasado, tributação equivocada e o sistema de aprendizagem e saúde.

Comentário do Blog: Minha participação foi marcada nas três mesas do debate. Na primeira Mesa, formada por Jefferson Mariano – IBGE; Guilherme Delgado – Especialista em economia regional agrária e por Miguel Matteo do IPEA, coloquei em discussão o investimento na logística para que o país consiga entra de vez no mercado internacional, uma vez que os produtos manufaturados no Sudeste brasileiros não podem viver apenas do consumo interno. Mostrei que o Nordeste estrategicamente com as ferroviasSul/Sudeste e a Norte/Sul poderiam diminuir os preços dos produtos brasileiros e colocá-los numa disputa mais justa com o mercado europeu, norte-americano e asiático, haja vista que o canal do Panamá está sendo alargado para passagem dos grandes navios. A logística passou a fazer parte daí por diante do debate em questão.

Na segunda Mesa, formada por Jurandir Vieira Santiago, Presidente do Banco do Nordeste e Esther Bmerguy de Albuquerque, do SPI do Ministério do Planejamento, voltei a questionar a falta de melhores fiscalizações pelo TCU e a CGU das verbas alocadas por programas federais nas prefeituras brasileiras e que isso era um estimulo à corrupção. O mediador Luis Nassif chegou a questionar que as verbas alocadas via emendas parlamentares não são fiscalizadas como deveriam ser. O debate ganhou outras proporções…

Na terceira Mesa, formada por Carlos Antônio Brandão, Coordenador do Observatório Celso Furtado para o Desenvolvimento regional, voltei a questionar, dessa vez sobre as privatizações dos Bancos Estaduais, da Vale do Rio Doce de Porteira Fechada e da Telefonia brasileira… Luís Nassif e o Bandão aproveitaram o gancho para discorrer do quanto foi maléfico para o Brasil tais privatizações…

Luís Nassif mostrou da importância da imprensa para que o Brasil se desenvolva de fato e que os blogs hoje é que dão a sintonia da informação, deixando para trás os jornais… Para o jornalista, a informação informatização engoliu os demais meios de comunicação e que até chegaram a criticá-lo quando ele postou um artigo do presidente do Senado José Sarney, que falava sobre esse assunto. Ele disse que postou porque Sarney disse o que de fato já vem acontecendo e que ninguém se atentou para isso. Ele citou as eleições 2010, cujos jornais de São Paulo e a revista Veja não conseguiram dominar esses blogs espalhados por todo o Brasil.

Por fim, Luis Nassif fala da perseguição a jornalistas e que isso não vem deixando se consolidar de fato a democracia no Brasil. Ele mesmo vem travando uma luta com uma instituição do Amazonas, que já tentou denegrir a imagem de suas filhas.

Chego a São Luís às 2:30 h de terça-feira e recebo a ligação de que Décio Sá teria sido assassinado…

Um encontro que fui convidado para debater o desenvolvimento desse país… Estou sem estimulo… A minha pena e o meu papel passaram a me odiar!!!

  Publicado em: Governo

4 comentários para O debate sobre o desenvolvimento regional do Brasil… O paradoxo do desenvolvimento regional

  1. Marcio Rodrigues disse:

    Caro Hostílio,
    Quero parabenizar pela matéria e pela sua participação nesse debate, acho que todo o desenvolvimento de nosso pais só se sustentará com a regionalização e municipalização e ainda vou mais longe a distritalização do desenvolvimento. Projetos e Programas o Governo Federal já disponibiliza o que falta é interesse dos Prefeitos em participarem desses Projetos e Programas, pois requerem investimento em equipe técnica, planejamento e persistência e nossos Prefeitos só querem infelizmente facilidades.
    Por fim em relação a morte do jornalista Décio Sá, ainda tá difícil de aceitar, espero uma resposta policial eficiente e completa punindo todos envolvidos( mandatários e executores) e peço que os demais jornalistas que fazem essa linha de trabalho que entendam que estamos no Maranhão e aqui Estado Democrático de Direito, Civilidade, Segurança Publica ainda não fazem parte de nosso cotidiano, continuem a fazerem esse trabalho investigativo pois a Sociedade precisa desse trabalho, agora não abram mão de cuidados com a segurança, pois seus familiares precisam de vocês vivos .

Deixe uma resposta

Contatos

hostiliocaio@hotmail.com

Busca no Blog

Arquivos